quarta-feira, 20 de março de 2013

Sobremesa


Eu engoli um balão!
Enchi um balão de vácuo
Toquei no cavaco uma canção de amor
E ela se engraçou: que delícia, que beleza

Sobremesa, sobremesa e sobremesa!
E quando nada mais nos bastou: sobremesa!
Como quem enjoa do doce maldito: sobremesa!
E as cartas sobre a mesa, ao final, combinam ou contrastam com aperto de mão

Amigos! Apenas bons amigos e nada mais
Sobremesa se foi para longe de mim
Sobremesa não quer mais os meus beijos
Alô! Alô! Alô! O que está acontecendo com o mundo?

Quanto mais fácil, mais simples, mais seguro!
Sobremesa é melhor que almoçar!
Sobremesa é melhor que almoço, que janta!
Sobremesa é melhor que café... sobremesa de madrugada!

Só! Só sobremesa e nada mais
Mas a gente precisa de algo para comer
A gente precisa de carne, de algo que dê sustância
De algo que subsista além de sobremesa

Sobremesa dé cárie, sobremesa dá diabetes
De tanta sobremesa estou diabético
Desfaleço: estou triste... tenho náuseas

Choro, corro... e o sofrimento vai tirando cada parte do meu corpo
Como se um corvo bicasse os meus pensamentos a cada centímetro de segundo
Não vou medir meus milhares de quilômetros de dor
Nem vou calçar as sandálias da doceria

Prefiro andar descalço
Prefiro o asfalto molhado, prefiro o seco da chuva
Prefiro eu mesmo, comigo sozinho
Perfeição? Não! Sobremesa!
Sobremesa! Sobremesa! Sobremesa!

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