quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Mentir à ilusão

Chorei... ao perceber a tua ausência, apenas chorei
Amigos ligaram, fingi a voz entalada e agradeci aos convites
Aproveitei a dor do peito e ensaiei um lamento de amor
Quando a manhã anoiteceu para mim, apenas dormi
Dormi sem que nem lembrasse por quanto chorei

A quem se quer do lado, mesmo estando tudo errado
Vai entender... vou querer te chamar, amor, neguinha
Faço amizade com as melodias de solidão
Para o pano musical daquela que se foi, que fiz ir

Vou te gostar de longe, apenas chorar por dentro ao te ver passar pela galeria
Desfilarei minha tristeza pelo desfiladeiro dos desesperados
De uma tônica esperada, dou o tom da solidão que não demora a tocar
Devorarei, pacientemente, este prato de pranto até sufocar

Mas, se este laço me soltar
Bradarei como quem sobreviveu a um mar revolto
Envolto em espinhos, quem dera sangrar a dor da morte
Melhor seria que o tempo vencesse o cansaço

Ainda sim, esperarei que as estações da lua cessem
Que os braços, abraços, superem esse cinema-mudo
E que um novo mundo se espreguice sob as cortinas empoeiradas
Enquanto isso, mentirei à ilusão.

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