segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Epitácio


Hoje eu comecei a construção da minha vida
Desconstrução do pensamento
Que passa pela contramão de um batalhão de sentimentos
E de momentos que não voltarão

Hoje, atravessei a Epitácio sem te dar a mão
Às seis e meia, volto logo do trabalho
E esqueço, no asfalto, um retalho
E a falta que me fazes

Ao chegar em casa, duas sacolas de SUPERmercado
E um sorriso farto, peito aberto, tudo certo
Hoje eu não vou trabalhar!

À meia noite, tudo pode suspirar
Vou desligar, com um simples toque, a televisão
Ouvir a voz do coração
Que vem lá do quarto ao você me chamar
Com a voz suave como quem sabe o que é amar
Tão perfumada, tão solta pelos seus cabelos
E os olhos que me prendem não levam a nada
Além da minha grande imaginação

Nas tuas curvas que se encaixam na minha mão
A tua pele, teu ouvido, sussurrar
Estremecendo as paredes de geleia
E eu retiro da colmeia o teu mel para me esbaldar

E ver teu corpo, todo corpo suspirar
Dizendo algo que não vou pronunciar
E esse arrepio e esse calor quente-frio
Ninguém pode sublinhar

E te alinhas com as linhas da minha vida
Porque eu te espero na amplidão

E esses teus lábios sempre fortes
Sempre soltos, sempre leves, sempre calmos
Sempre meus, sempre à calhar

Na minha pele, pensamento
Todo tempo, tempo todo
Alguém pode me explicar?

O que acontece? O cerebelo que se esquenta
Você gosta de acertar à queima-roupa
E eu não sou mais o seu garoto 
E eu não sou mais o seu guri

Eu já brinquei, já fiz mil graças, estou aí
E amanhã, já bem cedinho, antes do café
Eu vou partir, se você deixar (você sabe como é)
Se você quer, eu até posso repetir

Mas essa noite, tudo pode se findar
Não há quem possa explicar o suspirar
Se de mansinho, pouca roupa que me resta
Boto a boca na tua fresta
E te ponho à delirar
É o que há!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

O que você achou deste artigo?