Hoje eu comecei a construção
da minha vida
Desconstrução do pensamento
Que passa pela contramão de
um batalhão de sentimentos
E de momentos que não voltarão
Hoje, atravessei a Epitácio
sem te dar a mão
Às seis e meia, volto logo
do trabalho
E esqueço, no asfalto, um retalho
E a falta que me fazes
E a falta que me fazes
Ao chegar em casa, duas
sacolas de SUPERmercado
E um sorriso farto, peito
aberto, tudo certo
Hoje eu não vou trabalhar!
À meia noite, tudo pode suspirar
Vou desligar, com um simples
toque, a televisão
Ouvir a voz do coração
Que vem lá do quarto ao você
me chamar
Com a voz suave como quem
sabe o que é amar
Tão perfumada, tão solta
pelos seus cabelos
E os olhos que me prendem não
levam a nada
Além da minha grande
imaginação
Nas tuas curvas que se
encaixam na minha mão
A tua pele, teu ouvido,
sussurrar
Estremecendo as paredes de geleia
E eu retiro da colmeia o teu
mel para me esbaldar
E ver teu corpo, todo corpo
suspirar
Dizendo algo que não vou
pronunciar
E esse arrepio e esse calor
quente-frio
Ninguém pode sublinhar
E te alinhas com as linhas
da minha vida
Porque eu te espero na amplidão
E esses teus lábios sempre fortes
Sempre soltos, sempre leves,
sempre calmos
Sempre meus, sempre à calhar
Na minha pele, pensamento
Todo tempo, tempo todo
Alguém pode me explicar?
O que acontece? O cerebelo
que se esquenta
Você gosta
de acertar à queima-roupa
E eu não sou mais o seu
garoto
E eu não sou mais o seu guri
E eu não sou mais o seu guri
Eu já brinquei, já fiz mil
graças, estou aí
E amanhã, já bem cedinho,
antes do café
Eu vou partir, se você deixar (você sabe
como é)
Se você quer, eu até posso
repetir
Mas essa noite, tudo pode se
findar
Não há quem possa explicar o
suspirar
Se de mansinho, pouca roupa
que me resta
Boto a boca na tua fresta
E te ponho à delirar
É o que há!
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