quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Que se explodam as outras estações

Eu quero escrever um poema em cima de um reino
Que dentro de alguns instantes não verei mais
Eu quero asas arrancadas de um anjo bom
Sarado com mercúrio e laranja, cravado com cravos

Eu quero um hálito fresco de hortelã
Para tatear os botões do meu rádio e te achar em uma canção
E que ela seja simples, aliás... seja de todo o jeito
Toda! Toda nossa!

Eu quero flores do meu inimigo
E um abraço sincero, com pedidos recíprocos de perdão
Uma roda de samba virtuosa, onda beberemos por toda a noite
Amarrados por um só coração

Eu quero uma primavera só para mim
E que todas as outras estações explodam aqui dentro
Eu quero cheiro de jasmim, na sacada do meu apartamento
E se tudo der errado, não esquenta: eu invento

Eu invento o cheiro, eu reinvento o beijar
Os amores malditos e os outros que também vão ficar
Procuro com a ponta da faca os meus nervos
E retiro a flor da pele, só para você

Eu quero plantar uma muda híbrida
Que brote no seu coração
Eu quero escutar a voz da margarida
Rindo solta, toda boba, no meio da multidão

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