quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Chá das seis


Hoje eu quero um cigarro letárgico
Alérgico, inoculo, em um invólucro que eu não consiga abrir
Que seja eterno e nunca apague
E que as chamas se espalhem, até eu conseguir cair

Eu sentei sobre as minhas ruínas
E descobri um novo jeito de se fazer fogo
Eu vou casar com um regador e beijar meu sangue no final
Meu deserto é meu e de mais ninguém

Eu vou roer as minhas unhas da vaidade
Crucificar o crucifixo e fixar em qualquer lixo nojento
Invento um jornal e te estampo nas capas
Caras, caras, caras (adivinhe a ordem!)

É uma Cuba de guarda-chuva sem moral
É uma índia que só não tem colar
Cocar da cola que te vicia
Tua mãe e tua tia

E viva a exaltação daquilo que já nem sei explicar
Foi frase fresca, nesga da vesga que não quer negociar
Será? Eu sinto o cheiro do sexo no teu sofá
Eu sinto cheiro de tédio no teu falar

Conserta, ainda que desperta venha duvidar
Espera, não cabem alergias nesse teu falar
Incerta, sabe, tão somente, que tem que voltar
Discreta, se couberem em minhas mãos
Na te preocupa: não vou engasgar

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