Eu queria beijar o último beijo do universo
Casar para sempre, dois olhares tímidos, abraçados
Ser máquina mágica de fazer sorrir
Transformando toda segunda em sexta
Toda loira tremedeira em um simples ser exato
Trafegar na última rodovia do teu coração
Transitar na contramão do descompasso da paixão
E desmuniciar pensamento tolos, um ao um, todos ao chão
Saborear um pensamento estranho, estanho sabor
Timidamente ser condescende com a lógica
Descansar nas asas de um pássaro paraplégico
Em trágico trajeto, despencar em uma penca de banana
Tudo isso, pelo menos, uma vez, uma vez por semana
Às vezes me sinto como um estanque
Um moinho motriz sem água, sem vento
Batendo e gritando, seco na roseira
Que não fala, nem cheira, nem pensa na questão
Olhos nos olhos do ciúme, com a cara pálida
Inválida que não se presta a nada
Quando você voltar, quero ver a maquiagem refeita
A boca perfeita, o riso discreto, o olho entreaberto
De quem diz que vai subornar
Vou suportar a alegria de te ver
E superar as tapas no dorso
Prometo não vou me atirar no teu pescoço
Não rir, nem chorar, nem lembrar que pensei
Nem beijar, nem tocar, nem respirar o teu ar
Não vou mais pulsar, com as veias feias que te fizeram ofegar
E você vai saber, você ainda me conhece
A boca mordida, tremula, me entrega e algema
Em qualquer poste ou alma errada
Todavia, ainda assim, permanece calada
Selada até ser celada, moldada a tua feição
Para toda passageira, eu te lembro em canção
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