Olá! Meu nome é Moisés e gostaria de relatar, brevemente, algumas das minhas experiências com a vizinhança do meu prédio:
Os vizinhos aqui de cima têm um casal de demônios, aos quais eles se referem por bebê 1 e bebê 2. Eu prefiro chamá-los de número 1 e número 2 (ou seja, xixi e coco). Esses “anjinhos de candura” aprontam de tudo: esvaziam os extintores, espalham o lixo de propósito na área comum, não param de fazer barulho no corredor, pra dormir é um inferno! E de manhã, a tarefa de acordar e ir para o colégio faz do meu apartamento tambor de batucada de escola de samba.
A vizinha do lado é uma irmãzinha de igreja, mas tenho certeza que deve ser igreja do cão. Isso mesmo! Acreditem em mim: Jesus é a encarnação de Deus assim como essa mulher é a encarnação do capeta! É mais fácil encontrá-la no saguão do prédio brigando com os porteiros e dando conta da vida dos outros (isso quando ela não sai de apartamento em apartamento disseminando seu veneno antes das assembléias. Enquanto os outros compram as brigas dela, ela permanece calada e sorridente dando aleluias!). Alguns dizem que é falta de homem. Acho muito generoso! Prefiro acreditar que é falta de Deus!
Do outro lado – pelo menos – mora um casal tranqüilo. Casados há pouco tempo, não esquentam com nada. Ontem mesmo ele bateu aqui na porta de casa pedindo ajuda, pois não sabia trocar o gás (marinheiro de primeira viagem). Eles sempre conversam sobre filhos, muito embora eu sempre os aconselhe a deixar passar mais um tempo, uns cinco ou seis anos (tenho medo de nascerem dois demoniozinhos mirins que nem os do vizinho de cima).
Embaixo, um casal de velhinhos! Ele, simpático como nunca, e me traz as melhores recordações do meu avô. Ela, o cão chupando manga! A personificação da sogra de um amigo meu (eu sou doido de dizer que sou eu?)! Nunca vi tanta maldade em uma só pessoa (deve ser parente da irmãzinha aleluia que mora do meu lado). Tenho certeza que o bom velhinho vai direto pro céu assim que empacotar, uma vez que já pagou todos os seus pecados casando com a bruaca.
Por fim, eis o síndico! Esse sim, a única pessoa capaz de reunir toda essa bicharada da arca de Noé! Ele já sabe lidar muito bem com as minhas neuroses e com a paranóia de cada uma dessa grande família. Um homem capaz reduzir todas as idéias e projetos em algo que sempre dá certo. Aquele que trabalha enquanto eu dou trabalho. É questionado na mesma proporção que tem o dom de administrar as nossas vidas. E o pior é que ele sempre está certo!
Mesmo assim (e mesmo ele sendo um cara legal), devo dizer que algumas vezes não concordo com o que ele quer para o prédio. Acho que algumas coisas que ele propõe não são pelo melhor caminho! O fato de ele seguir a carreira de síndico por mais de 40 anos e achar que já viu de tudo não me tira o direito de discordar das suas idéias (tenho seis meses de vida de apertamento). Devo reconhecer que muitas idéias que ele me passou, das quais eu fui reticente inicialmente, acabaram por vingar e queimar a minha língua! Mas e daí? To pagando!
Quero convidar você, caro leitor, uma pessoa legal, centrada, amiga, tranqüila, controlada, divertida, sem stress, amável e cheia de boas intenções, para comprar/alugar os apartamentos dos meus vizinhos. Quem sabe, assim, eu possa, enfim, desfrutar de um bom relacionamento com a vizinhança?
Espero contatos! Termino por aqui, pois estou com a minha orelha está pegando fogo e com algum problema de conexão. Há uma grande probabilidade de que isso tenha sido alguma obra dos anjinhos número 1 e número 2 (com uma probabilidade ainda maior da irmã-aleluia ter feito uma macumba das grandes para que pare de falar dela. Tive a leve impressão de que ela acabou de passar voando em frente a janela daqui do meu apartamento).
BRUNO VIANNA LEAL
17.08.2010
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