Tristeza, amiga das horas que não têm fim
Que mima o seio da poetiza dos tempos
Como se o carnaval fosse um pássaro com as penas
multicoloridas de desilusão
Desfilam as vidas breves, como se as lágrimas vertidas, no
íntimo, evaporassem
Na fantasia das tintas, das fantasias
Faz-se o momento mágico do amor
Como se olhasse com um só olho de pirata, perdido
Enquanto a columbina beija o Batman debaixo do trio-elétrico
Pétala por pétala, cacho por cacho
Queira Deus que caia uma lágrima de pierrô
Capaz de lavar toda a alma, toda essa cidade morta de gente,
de vida
Inundando os porões dos corações que oscilam
Enquanto os padres dormem com seus meninos
Madrugada covarde, que deixa os meninos em casa para sambar
E fala baixo quando chega, e tira os sapatos dos pés que não
andam mais
Quero um acorde de alegria ao acordar
Beber dos beijos doces e cotidianos da tua boca
Sorrir, sangrar, doer de amor
Que diferença há?
Se eu conto o fim com os olhos chorados
Na fachada do meu semblante fechado
Resta tudo e o resto é tudo que me falta
Não deixarei mais que a surpresa faça morada de namorada
Nem contarei as estrelas malditas que se misturam com o teu
perfume
Profanarei minha pele com caco de vidro
Escreverei teu nome
sem pressa, sangrando
Marcando, feito cicatriz, o que dói por dentro
O que não tem alento, o que contemplo atento
O que nenhuma água fechará depois do verão
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