quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

A saga do “é rei”


As vozes se calam e os versos vêm à tona
Na maratona desses avessos, travessos... na lenta travessia da vida
À flor da pele, escreves meu nome apenas com o cheiro
Subtrais meu pensamento e eu, simplesmente, sigo caminhando

Caminha, de cama pequena
Para que eu possa pegar no sono, esquecer de acordar
Para que as portas não deixem escutar
Ou, simplesmente, para poder murmurar com o travesseiro

Quantas paredes mudas terei que encarar?
Quantas casas? Quantos versos terei que escrever?
Segue a saga-dos-sem-teto
Segue a aporética da desilusão!

Das batidas do meu coração caem pétalas de concreto
E no concerto da vida-sem-conserto
Concentro-me sobre a questão, a ponto de esquecer o tempo
Permito que o sol se esconda nos dias de chuva
E assim faço o meu próprio calendário

Das maçãs ruborizadas, do meu pouco de nada
Das minhas piadas sem graça
Das esgrimas de versos, de línguas, de frases erradas

Eu quero um blues para dormir encolhido
Agarrado aos vasos, deixo as flores caídas ao chão
Peço a Deus para que Deus fique surdo
E cismo em cair do sexto andar de mim mesmo

Mordendo a boca, na loteria da malícia
Com a voz mansa e cheio de feridas
Por toda a minha vida, porta-retrato da lua intangível
Amor de longe, mesmo que correspondido
Porque, hoje, alguém me disse que ele não é o bastante

De tanto respirar amor, acho que me sufoquei:
- Puta que pariu! Parece incrível!
Segue a saga do “é rei” 

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