Quantos irão beijar minha mão
Com o asco que sentem de
Tabasco
Que os caranguejos me belisquem de raiva... me desfaço
Disfarço e finjo que não
Para aquém, pular de
paraquedas
Das pedras que não vejo
daqui de cima
Quantas asas de urubu serão
cantadas
Até que mil crianças não sejam
estupradas?
Quantas mães serão malditas
ou humilhadas?
Enquanto você sai para beber
com os amigos
O anjo do sabbath sobrevoa a
periferia de onde veio
Ri-se com um sorriso
crônico, irônico
Se volta para trás e se
deleita com mais um sangue na esquina
É êxtase no Carnaval de
Salvador, carreata em Brasília
E essa mídia que não é minha
Guarda na memória de
elefante a infame responsabilidade de nada saber
Das mulheres apanhadas por
nada, dos maridos infiéis
E da lente pueril que se
acostuma com o seio da maldade
Que jorra o leite amargo da
ingratidão
Misturada com duas colheres
de Nescau e cocaína
No colo das meninas, uma
boneca, uma tubaína, outra menina
De um ventre que mal se
formou, que mal se informou
De tudo que vejo, repito: que mal eu fiz?
Quando eu contar até três,
tudo estará do mesmo jeito
Mudam-se os tempos,
pretéritos, trocam-se os sujeitos
Filhos de uma pátria
trôpega, malcriada e mal parida
Filhos de uma puta, rapariga,
que afagam tua barriga
E te obrigam a matar
Um brinde a deformação da
informação já corrompida
Aos cofres combalidos, ao
olho gordo maldito
Às freiras que acordam
molhadas, aos padres que comem meninos
E aos pastores de Satanás,
por suas orelhas espetadas
Por seus rabos sujos,
escondidos nos anais do ânus de uma falsa cristandade
Cristo é cedo... Cristo, não
tarde!
Pois me ardem essas bocas de
plástico
Caiadas de nada... se não
matam, comem cru
Cruzarei o céu na asa-delta
do amor
E não terei onde pousar
Beije-me com a boca quente,
inflamada
E estoure todo esse pus, ao
cair das nossas bocas
Sobre roupas que cosemos, sob as folhas
do paraíso
A encardir esse solo perdido
Sobre a pátria dos apátridas
Acorde para ver a velha dor!
Acorde da velha dor, em Dó maior,
por favor!
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