O que é isso que acontece aqui dentro
Arrepia minha pele, e antes que eu congele, aperta minha mão?
Sussurra meu ouvido, me bota de castigo
E quando há certeza, faz coisas que duvido, mas não digo não
E os olhos tão verdes, de tão verdadeiros
Tão baixos, faceiros, atrás dos cabelos
Hão de corar os lábios tão lindos
Que beijo sorrindo, depois de cegar
O que é isso que me aperta o peito
E diz que não vai esperar o nosso amor?
Salta os olhos, é o tempo
Que arrasta, por momento, teu aroma pelo ar
Meu corpo confessa essa pressa
E arrasto o aperto no peito para depois do jantar
Antes de você partir, prometo não dissimular
Maestro que é destro não sabe orquestrar!
Se presto, o resto, não vou recusar
E essa partida, que não tem medida, me faz implorar
Implode por fora, explode por dentro
E há quem se importe, a ponto de mendigar
E isso que me viola (toca uma canção!), que me desacata
Aperta e amassa, não vai me deixar
Quem sabe um dia a água que arde possa te levar
Dos meus pensamentos, dos meus mandamentos
Do nosso hábitat, do nosso chorar
Mas será de momento e eu já não sei se agüento
Gostar de gostar
E se me quebranto de dia e de noite
Faço do açoite um leve pesar
E apesar do descaso, descanso cansado
Descalço me faço, descasco o bagaço que me restar
E não tem limite, não há quem palpite o fim que restar
Palpita no peito e durmo no leito, sem te enxergar
Quem sabe o que queima, aceita e teima, sem desesperar
Me queima por dentro e tira meu sono
De tanto aperreio, esqueço a gramática
E escrevo os versos que vierem a calhar
Atiça, atrai, agita e contrai
No colo, com esforço, eu faço um esboço e você se retrai
Ardendo os tremores, com novos amores
Com sono e suor, não vão me levar
Encharco o barco, não quero aceitar
E remo, teimoso, um mal sem juízo
Que faz de abrigo a minha vergonha
Meus ossos retorcem, se gripam e explodem
E os órgãos, de medo, não param de tocar
Não vou me rogar, não vou aceitar,
Eu não me governo, eu não te suplico
Se ela for embora
Saibam que, por hora, não quero acordar
Se tudo der certo (prometo, de sódio e potássio!)
Eu volto a cantar
Vem... eu te prometo... eu quero te ver cantar!
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Vem cá.
Me revira do avesso e me lê em braile.
Passeia com teus dedos sobre meu corpo,
Como contas, sem pontas, sem ar.
Rasga minha pele sem dor.
Desnuda meus desejos sem pudor.
Refaz, traz, faz.
Eu quero (mesmo) mais.
Invade minha boca com tua saliva.
Me abraça, amassa, afaga
Quero verbos no infinito,
Gerundiando, preteritando.
Quero tua forma lasciva.
Ser menina, não pudica.
Alisada, aliciada, acarinhada
Pernas envoltas nas minhas.
E se amanhã o hoje se tornar ontem,
Que eu leve a presença ausente.
Mas, me deixe dormente.
E devolva minha paz.
À você, sempre.
Por Jânia de Faria
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