terça-feira, 22 de junho de 2010

A democracia dos surdos é mar - PARTE II


Os vertrauensmann

Às vésperas do natal de 1944, um dos perigos reais para o Brasil eram os espiões de Hittler que andavam à solta no país (no Rio de Janeiro, em especial). A partir das informações levantadas pelos vertrauensmann (agentes do Serviço Secreto Militar de Informações do Terceiro Reich), os submarinos alemães haviam afundado, no Atlântico, diversos navios mercantes brasileiros, causando a morte de centenas de pessoas. Disfarçados de homens de negócios e funcionários de empresas locais e estrangeiras, os vertrauensmann costumavam se encontrar no Bar Adolph e na Confeitaria Colombo, no centro da cidade, onde, entre um croquete e um conhaque, trocavam mensagens escritas com tinta invisível. Naquele dezembro de 1944, Hitler já estava com os dias contados, mas muitos de seus espiões no Brasil faziam de tudo para continuar vivendo no país sob seus disfarces. Eram, portanto, os verdadeiros inimigos da pátria.




Trazendo para a realidade das igrejas que temos visto nos últimos dias (esperando que não seja "nos últimos tempos'') vemos que a capacidade destrutiva desta figura evangélica clássica, que faz parte da média evangélica ponderada se compara ao pior vertrauensmann imaginável.
Quero que vocês saibam que a autoria da primeira parte deste artigo é de um “vertrauensmann gospel” na essência, o qual foi capaz de transformar o Apóstolo Paulo na figura sofisticamente descrita.
Ao mais, dentre os comentários moderados, fiz questão de autorizar a publicação da oportuna correção do mau uso intencional do jogo de palavras, no qual o ilustre vertrauensmann afirma que Jesus veio trazer "paz e não espada", quando na realidade a passagem de Mt 10:34-36 nos traz a oposição desta afirmação.
Explico a intencionalidade (antes que me chamem de arrogante)! Certa vez, ao ministrar um aula na escola dominical para um grupo de adolescentes, ofereci um bom prêmio para quem encontrasse na Bíblia o trecho com a seguinte expressão: ''Não faças a outro o que não queres que te façam'' (ou seja, não faça com os outros o que você não quer que seja feito com você).
Caso você não se lembre desta passagem bíblica, não se preocupe: as poucas dezenas de alunos que se debruçaram sobre o Livro Sagrado, por cerca de 20 minutos – certamente a quebra de um recorde pessoal de tempo com a Bíblia aberta, para a maioria deles – também não encontraram.
A razão é simples: a frase é de autoria de um filósofo e teórico político chinês (Confúcio - 8 de setembro de 551 a.C. - 479 a.C.). Para encurtar a história, ficamos combinados assim: Esse versículo não está na Bíblia e a questão da “paz e espada” está resolvida!
Entretanto, o que mais me deixou estarrecido (além da singularidade informando o "descuidado" na troca de palavras) foram as perguntas, direcionadas por todos os meios (depoimento de orkut, telefonema, e-mail e pessoalmente), sobre quem seria o missionário independente ao qual eu me referia.
Guardadas as devidas proporções da contemporização dos fatos e sofismas, há de se convir de algumas dicas deixaram na cara sobre quem se tratava (um pouco mais de Bíblia não faz mal a ninguém, mas você prefere levar a vida no estilo ''REALCE, QUANTO MAIS PURPURINA É MELHOR'').
Você deve estar se perguntando: e o título deste tema? Respondo tranquilamente: cenas do próximo capítulo!

Que Deus nos abençoe e tenha misericórdia dos vertrauensmann de plantão.

BRUNO VIANNA LEAL


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