Quarta-feira!
O relógio marca 18 horas e 06 minutos. Pela chaminé da Capela Sistina, um fumo
branco começa a se dispersar: (temos) um novo Papa!
O ritual acima descrito (uma das
escolhas mais rápidas do último século) informa ao mundo que um nome recolheu,
pelo menos, dois terços de votos dos cardeais. Seu nome é Jorge Mário Bergoglio (76 anos), o qual adotará o nome de Francisco I: o primeiro Papa
sul-americano (argentino) e, também, o primeiro Jesuíta a sentar-se na cadeira
de Pedro.
Para uns, a personificação do
próprio Deus na Terra. Para outros, mais um líder religioso, quiçá o maior de
todos (o que passar disso, não nos interessa neste momento). Deixando de lado o
aspecto religioso e atento, tão somente, às imbricações políticas e sociais que
se desdobram, faz-se necessário a leitura do “curriculum
vitae Papal”.
Em linhas gerais, é cediço que o
novo Papa opõe-se ao aborto e à eutanásia (e, aqui, começamos bem!). Na
contramão do “modus operandi da sociedade
humanista secular”, Vossa Santidade mantém a posição da Igreja, no que
concerne aos aspectos que envolvem a temática “homossexualidade” (ainda não foi
dessa vez!). Na Argentina, chegou a condenar publicamente a legislação tendente
à permissão do casamento gay (ano de 2010).
Todavia, o Supremo Pontífice segue a
tendência do momento, aderindo aos bons pressupostos que envolvem a expressão “tolerância religiosa”. Aos
adeptos da Teologia da Libertação da
América Latina, informo, de antemão que o Cardeal Maior é um teólogo
conservador distante, inclusive, do referido movimento.
Contra o novo Papa, pesa a acusação
de um advogado e ativista dos Direitos Humanos, o qual apresentou uma queixa
sobre o mesmo (sem quaisquer provas), acusando aquele de ter conspirado, em
conluio com a junta militar (ano de 1976), o rapto de dois padres jesuítas a
quem o Papa – à ocasião na qualidade de superior da Companhia de Jesus da
Argentina – teria ordenado que abdicassem de suas vocações “cléricas”, uma vez
que tais atividades estariam contrariando os interesses da ditadura militar.
Milhares de fiéis aguardavam que o novo
ocupante do Sumo Pontífice surgisse no balcão da basílica de São Pedro.
Cânticos são entoados: “Viva o Papa, viva o Papa”. Mais do que isso, tenho
certeza que, por todo o planeta, súplicas sucessivas rogavam ao bom Deus que
trouxesse o discernimento necessário aos cardeais, no que se refere à escolha
do novo representante mundial da Fé Católica.
Nas redes sociais, por todo o mundo,
usuários se mostravam, mesmo após o término da votação, apreensivos com o
anúncio esperado. Ansiedade? Religiosidade? Talvez... Neste mesmo “balaio”, se
juntam os que afirmam ser católicos, talvez por uma mera necessidade de
cumprimento de uma convenção social, de ter uma religião, um selo ISO 9.000 de
“catolicidade”.
Para estes, a mera afirmação de
“estar atento a questão da escolha papal” é comparável ao indivíduo que só
torce para o seu time quando ele está na final do campeonato, ou, até mesmo, ao
indivíduo que, ao realizar compras, certifica-se se o produto possui o selo ISO
de qualidade, se foi produzido com madeira de reflorestamento, ou se aquele
aparelho não foi produzido com mão de obra escrava. E assim, mentem às suas
consciências e fingem cumprir o seu papel de bom cidadão!
Não conformado com estes, lancei a
seguinte indagação, em minha rede social: “Queria
saber quanto vocês estão ganhando para ficar de frente para a TV esperando que
seja anunciado o novo Papa...”
De antemão, peço desculpas caso
alguém tenha se sentido ofendido com o referido questionamento. Todavia, em um
trocadilho oportuno, gostaria de lembrá-los: nem o Papa agradou a todos (no
Brasil, principalmente, haja vista que o mesmo é “hermano”).
De “bate-pronto” fizeram relação
imediata com o aspecto pecuniário, e seguiu-se uma breve troca de ideias que
considero salutar, por acreditar que todo contraponto é necessário.
Recentemente, aderi ao projeto da Fundação Fé e Alegria, uma Fundação Jesuíta
com abrangência mundial (trabalho voluntariado). Minha participação consiste em
ministrar aulas de História (Geral e do Brasil) na Igreja Sagrado Coração de
Jesus, no bairro de Mandacaru (João Pessoa) para os moradores da região.
Por estar inserido neste contexto
maravilhoso (do qual não abro mão, por nada), por me entender adepto da retro
mencionada tolerância religiosa
(a qual considero uma mão de via dupla. Pelo menos, em tese...) e por não possuir
um líder religioso mundial (haja vista que o meu se encontra, momentaneamente,
impalpável), gostaria de perguntar a vocês: Quanto vale um Papa?
Salve,
Jorge (Mário Bergoglio)! Salve, Francisco I!
Bruno Leal
Espero que a escolha feita pelos cardeias seja abençoada por Deus, e que o novo Papa conduza a igreja com sabedoria!
ResponderExcluirAcho que no dia que um Papa for a favor de um desses três temas, eutanásia, homossexualidade ou aborto estará rasgando os ensinamentos que a Bíblia prega!
O valor do Papa é imensurável, já que se trata de um líder que influencia opiniões em todos os lugares do mundo, sempre acerca de temas importantes e polêmicos que vendem bem em noticiários diversos. O Papa é uma figura religiosa, política e comercial que através de decisões embasadas no catolicismo define o futuro de pessoas, muitas delas esclarecidas e entendidas da história da igreja católica. Pensando nisso afirmo que não há como avaliar uma figura tão poderosa. Deixo aqui outra pergunta: Como as pessoas acreditam que um ser humano comum representa Deus na terra? sendo esse ser humano, escolhido por outros do mesmo ciclo, influenciados por interesses não espirituais.
ResponderExcluirExcelente texto! Vale salientar que em um mundo onde a falta de respeito e de amor tem crescido de forma assustadora,é, no mínimo, motivo de júbilo ver pessoas que mesmo momentaneamente, se unem em prol de uma oração coletiva de apelo divino. Oração essa que suplica para que tal personalidade venha abençoada com sabedoria para conduzir uma das principais nomenclaturas religiosas do mundo. O que nos faz crer (pelo menos é o que queremos) que essa mesma coletividade busca respeitar os mandamentos cristãos. Confesso que me emocionei ao ver o Jorge, ou de forma mais esperançosa, O Francisco (em alusão a São Francisco de Assis) em seu primeiro discurso... Sentir uma fé renovada, talvez se assemelhe aquela sensação que sentimos ao ver nossos esportitas representando nosso País em uma competição mundial. O que nos leva a ficar em frente à TV ou em frente ao computador, declamando nossa fé ou nosso grande amor sazonal. Roguemos então, ao Impalpável (será?)que ele possa através dessa manifestação de fé, convencer mais e mais "fiéis" a se unirem e rogarem por mais sabedoria aos Jorges, Franciscos, Luizes, Dilmas, Baracks, Felicianos, Malafaias... Talvez a partir dai e só então a partir daí, possamos saber quanto, de fato, vale um Papa.
ResponderExcluirSimplesmente, Ticiana.