A ingratidão é uma penumbra:
Não fede, nem cheira
Tateia as teias que se escondem em outro pôr do sol
E se abriga por debaixo das unhas sujas de um outro que não
sou eu
Escreve pelas ancas, como tatuagem tardia
Ardendo pelo meio das costas
E deixando o seu mel a escorrer até o calcanhar
Para quem for de escritório, eu desejo a força cartesiana
que sobrar
Não te quero mal, muito menos saber por onde andas
Não violo o teu mural, sarau dos terreiros de umbanda
Quantas refeições saudáveis para um ano?
Quantos cafajestes para um só final de semana
Igrejas sem muro, pois as gorduras escorreram pelas paredes
E não deixaram o incenso subir: monoteísta.
Proteínas do ouvido de Deus!
E esse tique que me
coça a cabeça me faz cheirar hortelã
Como se as bocas malditas tapassem o odor
De uma ave maligna que entra pela janela errada
Eu quero a prisão do meu pesadelo para depois de amanha
Andar, com respeito, sob as covas vadias, com as putas
valentes
Entra, mas entra bem devagar!
Divaga essa fumaça colorida por dentro dos ossos
Acelera o coração e faz a refeição pela madrugada
Ao meio-dia, se acordar, finge não saber nada
Nenhum comentário:
Postar um comentário
O que você achou deste artigo?