Dois olhos pingados e os meus, já molhados
Cruzeiro do Sul na íris de lá
Três-Marias-cá-loucas-pra-beijar
Manoel afobado, espera sentado
Não guarda rancor! Está tudo certo se tudo der errado
Dois montes ao lado, um rio no meio
Lambendo esta pele que queima e quer mais
Ser rei, o teu homem (serrei o teu homem!) esquecer o ontem
Te abraço gostoso e durmo em paz
Se a cama é quente e chama a gente
Senhor e senhora não combinam mais
Se gosto de doce, melhor tua boca
De ferro e de brasa, navio e cais
Se rouco te falo ao pé do ouvido
O vento maldito que tira tua voz
Podemos, nós? Pó de noz é paz!
Sou barco sem vela, quem dera esta déia
De um Deus tão bonito, saindo essa voz (saí do algoz!)
Quebrando a unha, no ato sublime
Não me recrimine, se te pedir mais. Faz?
Ode ao Anonimato,
ResponderExcluirou
À Fênix da Barreira
O Mimo sem máscara travestiu-se em poesia
Meu homem dos outros, das outras, do mundo
Surpresa, sem a lente embaçada que eu tinha:
Um mar tão revolto, era lindo e profundo
Achei o meu céu e era o da tua boca
Que diz o que quero e o que eu não quero ouvir
"Será que deixou marinheiro no cais?"
E, se eu for agora, um dia tu vais?
Pontada, espetadas, na alma, no joelho,
Palavras, olhares de interrogação
Se conto ou se calo, é um franzir o cenho
A dúvida que mata é a que traz são
A banda crédula até chora, inocente
Jura que é terna a jura eterna
A cética busca impressão latente
Vê pó que em mera ilusão se revela.
Jorrou tanta água e ainda há fogo
Afogo e arde tudo, de dentro pra fora
De fora pra dentro, fornalha que prova
Vem, prova e aprova! Suspeitas? Afoga!
Fraquejo, confesso, não uma ou duas vezes,
Três quedas por noite, eu já sucumbi
Do alto pra baixo, de trás para a frente
Colchão de estrelas onde me escondi
A capa de hoje não estampa manchete
Da perfeição de mil noites roubadas
Deitar e levantar de co(r)po cheio e sedentos
Do sono perdido, das camas desforradas
Conquistas as letras da minha língua
Eu falo na outra - entendes, mas finges
Pergunta-se: o mal é a distância ou à distância?
Uma pausa? O fim? Que verdades me impinges?
Mirada de gato planejando botinhas
Sonhando em encher uma barriga vazia
Sem a Majestade, um palácio desenha
Mas noutros catorze será o seu dia
Reinações de um narizinho malandro-lampião
Curumim desgarrado em busca de oca
Se é oca, não serve - faz amor com o conteúdo
Coelho não é, não basta uma toca!
O café era frio, e a fome, a desculpa
Pão de sol na carne prolongou o sabor
O ponteiro-cupido não queria girar
Para aquele domingo não ter que findar!