domingo, 7 de agosto de 2011

Íris-Estrela



Café da manhã, nem olhas para mim
Dois olhos pingados e os meus, já molhados
Cruzeiro do Sul na íris de lá
Três-Marias-cá-loucas-pra-beijar

Manoel afobado, espera sentado
Não guarda rancor! Está tudo certo se tudo der errado
Dois montes ao lado, um rio no meio
Lambendo esta pele que queima e quer mais

Ser rei, o teu homem (serrei o teu homem!) esquecer o ontem
Te abraço gostoso e durmo em paz
Se a cama é quente e chama a gente
Senhor e senhora não combinam mais

Se gosto de doce, melhor tua boca
De ferro e de brasa, navio e cais
Se rouco te falo ao pé do ouvido
O vento maldito que tira tua voz
Podemos, nós? Pó de noz é paz!

Sou barco sem vela, quem dera esta déia
De um Deus tão bonito, saindo essa voz (saí do algoz!)
Quebrando a unha, no ato sublime
Não me recrimine, se te pedir mais. Faz?

Um comentário:

  1. Ode ao Anonimato,
    ou
    À Fênix da Barreira

    O Mimo sem máscara travestiu-se em poesia
    Meu homem dos outros, das outras, do mundo
    Surpresa, sem a lente embaçada que eu tinha:
    Um mar tão revolto, era lindo e profundo
    Achei o meu céu e era o da tua boca
    Que diz o que quero e o que eu não quero ouvir
    "Será que deixou marinheiro no cais?"
    E, se eu for agora, um dia tu vais?

    Pontada, espetadas, na alma, no joelho,
    Palavras, olhares de interrogação
    Se conto ou se calo, é um franzir o cenho
    A dúvida que mata é a que traz são
    A banda crédula até chora, inocente
    Jura que é terna a jura eterna
    A cética busca impressão latente
    Vê pó que em mera ilusão se revela.

    Jorrou tanta água e ainda há fogo
    Afogo e arde tudo, de dentro pra fora
    De fora pra dentro, fornalha que prova
    Vem, prova e aprova! Suspeitas? Afoga!
    Fraquejo, confesso, não uma ou duas vezes,
    Três quedas por noite, eu já sucumbi
    Do alto pra baixo, de trás para a frente
    Colchão de estrelas onde me escondi

    A capa de hoje não estampa manchete
    Da perfeição de mil noites roubadas
    Deitar e levantar de co(r)po cheio e sedentos
    Do sono perdido, das camas desforradas
    Conquistas as letras da minha língua
    Eu falo na outra - entendes, mas finges
    Pergunta-se: o mal é a distância ou à distância?
    Uma pausa? O fim? Que verdades me impinges?

    Mirada de gato planejando botinhas
    Sonhando em encher uma barriga vazia
    Sem a Majestade, um palácio desenha
    Mas noutros catorze será o seu dia
    Reinações de um narizinho malandro-lampião
    Curumim desgarrado em busca de oca
    Se é oca, não serve - faz amor com o conteúdo
    Coelho não é, não basta uma toca!

    O café era frio, e a fome, a desculpa
    Pão de sol na carne prolongou o sabor
    O ponteiro-cupido não queria girar
    Para aquele domingo não ter que findar!

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